4 de dez. de 2010

Abriu-me a porta Amor

Abriu-me a porta Amor, mas minha alma encolheu-se,


Pecado e pó que sou.


Sagaz Amor ao ver que ela esmoreceu-se 
Desde o instante em que entrou,


Chegou-se a mim e quis saber discretamente
Se algo estava ausente.


"Um hóspede", falei, "contigno do lugar."
Amor disse: "És tu quem escolhi."


"Eu sou grosseiro e ingrato e devo confessar:
Não posso olhar a ti."


Amor tomou-me a mão e, sorrindo, respondeu:
"Quem fez o olhar fui eu."


"Certo, Senhor, mas eu manchei-o; que esta culpa
Ocupe seu lugar."


"Não sabes", disse Amor, "quem assumiu tua culpa?"
"Céus, devo concordar."


"Senta-te", disse Amor. "Prova minha comida."
"Então sentei-me e fui servida."




Poema de George Herbert no livro "A Biblioteca de C. S. Lewis". Editora MC

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