As crianças, amadas, começam a falar.
As palavras vêm do amor. Tudo vem do amor.

Narrar, ser mãe, ser pai & outros ensaios sobre a parentalidade, foi uma das melhores leituras de 2010.
O autor é Celso Gutfreind. Escritor, poeta, psicanalista e pai. Como ele mesmo se define. Na verdade acho que ele não se define. Já não sei mais onde começa uma coisa e termina outra. Acho que nem ele mesmo sabe. É um pouco disso tudo ao mesmo tempo. O admiro muito.
Comecei a leitura do Narrar com um olhar fonoaudiológico. Pensei que o livro pudesse me ajudar na relação com os pacientes e com seus pais. Pensei na narrativa, na linguagem, na fala e em tudo que se relaciona com isso.
O texto do Celso é poético, sensível. Descreve alguns dos casos clínicos em forma de contos. Acho que todo o livro é um grande conto. Mas é real. Histórias de vida e das vidas. É uma linda viagem às relações parentais, mas contadas com a suavidade, que só quem ama e sabe contar uma boa história, tem. Mesmo que triste, mesmo que alegre.
Me li também como filha. Reencontrei com o bebê e a criança que ainda carrego e carregarei. Serei sempre filha, mesmo sendo mãe um dia.
Já me vi cobrando dos meus pais, que não liam histórias pra mim quando era criança. Prova do infortúnio, é o fato de só lembrar de dois livros: o Canguruzinho fujão e As viagens de Gulliver (assistirei o filme, em homenagem a minha infância).
Tamanha foi minha surpresa, uma feliz surpresa, quando me deparei com pais narrativos.
Minha mãe não me contou muitas histórias de livros, não tive uma vasta biblioteca. Mas me vieram à mente lembranças dela me contando histórias inventadas na hora, antes de dormir e repetidas exaustivamente. Conta de novo mãe, aquela que tu contou ontem!
Ela me conta hoje, que às vezes nem lembrava mais, daí, inventava outra, mais legal ainda.
Não tenho nem uma lembrança do meu pai lendo histórias pra mim, nenhuma. Mas conheço e guardo comigo, todas as histórias da infância dele, de quando era guri, lá na campanha.
Não conheci meus avós (Miguel por parte de mãe e Ernesto por parte de pai), mas os amo, admiro e respeito a trajetória deles. Sabe porque? Se fizeram vivos e conhecidos através dos seus filhos, meus pais, que sempre me falaram deles com muito carinho e brilho no olhar.
No Narrar, me li como mãe, mesmo não sendo ainda. Li meu sonho de um dia contar histórias e as minhas histórias, para meus filhos (ou filho, não sei).
O Narrar, me trouxe mais orgulho por ser Fonoaudióloga e vontade de trabalhar ainda mais para colaborar e participar da comunicação dos meus pacientes e suas famílias.
Precisamos falar, precisamos contar, alegrias e tristezas. Mas para isso, precisamos também, de ouvidos atentos. Tanto para nos escutar, como para escutarmos o outro.
Precisamos do outro.
A vida, a vida precisa ser contata. [O autor]
"Precisamos do outro"... para não nos perdermos em nós mesmos!
ResponderExcluirVocê apresentou o livro de um jeito bem doce, Taiane! O momento que fala de seus avós me arrepiou e encheu meus olhos de lágrimas e essa parte então: "me li como mãe, mesmo não sendo ainda. Li meu sonho de um dia contar histórias e as minhas histórias, para meus filhos" senti assim também sem nem ter lido o livro, ainda!!
Boa dica, abraços!
"Precisamos falar, precisamos contar, alegrias e tristezas. Mas para isso, precisamos também, de ouvidos atentos. Tanto para nos escutar, como para escutarmos o outro.
ResponderExcluirPrecisamos do outro."
Como isso fal falta!
Hoje em dia a pressa é tanta,que acabamos esquecendo esta lição,esta necessidade vital.
Grata por compartilhar seus sentimentos sobre a leitura.
Foi muito estimulante e com certeza será um dos próximos que irei ler.
Um abraço cordial!
Resenha bonita! Quero ler.
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