Eu: Seria o ódio? Será?
Laion: Pra mim, sim.
Eu: Não consigo imaginar Deus indiferente.
Laion: Quem odeia, diz, em completo descontrole, que ainda se importa. O ódio ainda é um cordão umbilical.
Eu: Por isso pensei no ódio. Exatamente.
Laion: Quem tem o outro ou algo por indiferente, fez algo ou alguém experimentar total inexistência. A pessoa ou algo ainda vive, existe, mas não no seu mundo.
Amar é também odiar.
Eu: Verdade.
Laion: Aprendi isso com a vida, minhas relações de afeto, minha avó e minha mãe. E, claro, com o ódio que sentiu Jesus no templo ao ver que fizeram da relação com Deus um comércio. Se Jesus não amasse e zelasse pela Casa de Deus, ele se importaria?
Eu: Claro que não.
Laion: Pode ler um texto agora ?
E FOI ASSIM. Um homem enfurecido ziguezagueou pelo pátio chicoteando com poucos critérios os que ainda negociavam. A princípio, imaginou-se serem soldados romanos descontentes pelas comissões. Houve quem afirmasse, enquanto corria, que era um endemoniado. O som do chicote e as mesas viradas dos cambistas fizeram a voz do reclamante se multiplicar em tantas que nem imaginamos quem pudesse ser, até o pátio em pandemônio dar lugar ao silêncio estupefato dos que ali permaneceram. E sozinho, resfolegante, restava com a arma ainda empunhada, Jesus.
O amor assusta ao fazer-se ódio. Desvela-se em tensão, revolta e ruptura. Sombrio e violento, mas amor.
Com câimbras na mão e a voz já rouca, vaticina pela última vez:vocês transformaram este lugar em um covil de ladrões. E pensar que um dia já foi uma Casa de Oração. A família, distante, desconfia de sua sanidade. Os discípulos, sem coragem de se aproximar, lembram do profeta. O zelo por sua casa me consumirá.
Dispersos os mercadores, uma gente, que ninguém vê há tanto tempo por ali, aparece vinda de todos os cantos, e nada os impede agora, são os cegos e os mancos. O chicote, quente e trêmulo, despenca teatral da mão de Jesus, tão lentamente quanto a compaixão que agora o envolve. Um Deus assim, tão improvável, sempre junta os filhos dos quais o templo se esqueceu.
Elienai Jr.
Laion: Estou tentando dividir com você isso: a imprecisão de quem ama. Nada sei sobre o amor. Nada. Por isso, insuficiente, divido percepções. A gente vai se completando.
Sim, a gente vai se completando.
A conversa continuará...
Perfeito!! E a vida são diálogos que, ao nascerem vão nos moldando o ser.
ResponderExcluirAmei cada letra lida aqui.
Gostei tanto desse papo que me inspirou uma poesia. rss
ResponderExcluirQue tenhamos a benção de encontrar a Paz em nosso coração
ResponderExcluirE que ela nos eleve e sejamos capazes de elevar os outros
Para que possamos ter um mundo melhor.
Que o amor DELE, a doçura e a delicadeza se espalhem pelo mundo
para que possamos ter Paz.
Tai e Laion
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