16 de out. de 2011

eu sorri como uma criança perdida a quem se dá a mão.


não estaria sozinha. estaria sozinha de mim, que é a solidão que me interessa e a de que tenho medo.


o amor é para heróis.


a vida tem dessas coisas, quando não esperamos mete-nos numa grande história. bem, ou num grande poema, que também acaba por contar uma história, ou não é.


era ainda pequena, como acho que somos todos nós para as coisas mais tristes.


podemos ser todos inteligentes como super-homens, adultos feitos à maneira e pensantes livremente, mas a educação que nos dão em crianças tem amarras para a vida inteira.


já não se fazem pessoas assim, (...) assim dessas que nos observam a vida e tomam conta como se responsáveis.


a coragem tem falhas sérias aqui e acolá. e nós, que não somos de modo algum feitos de ferro, falhamos talvez demasiado, o que nem por isso nos torna covardes, apenas os mesmos de sempre. os mesmos vulneráveis e atordoados seres humanos de sempre. tanta cultura e tanta fartura e ao pé da morte a igualdade frustrante e a mesma ciência.


mas era saudade minha. só uma saudade minha.


aquela saudade benigna que já não quer magoar mas celebrar o passado.

Trechos do livro: a máquina de fazer espanhóis - valter hugo mãe
Ed. Cosac Naify

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